domingo, 20 de janeiro de 2008

O desafio do amor humano


Assim vê-se que o dia a dia de um casal é frequentemente muito bonito mas também pode ser esgotante. Todos temos épocas em que nos sentimos mais débeis, indiferentes, desanimados. Por vezes torna-se mais fácil escondermo-nos atrás de uma perfeição formal em vez de nos adaptarmos uma vez ou outra ao parceiro.

Há muitos casais que, estando ou não conscientes disto, fizeram seu este estilo de vida. Muitos casais já não conversam, não por falta de tempo mas por terem fechado ao outro a porta do seu coração. Não obstante, se já não há comunicação, o sentimento de segurança vai-se esfumando.

O amor converte-se num jardim descuidado e selvagem, coisa que às vezes se traduz num tratamento grosseiro e até em rudeza na vida sexual. Para a maioria das mulheres uma intimidade física sem proximidade espiritual que envolva toda a pessoa, sem sintonia intelectual e emocional, é uma carga superior às suas forças.

(...)

Não podemos esconder-nos num mundo irreal ou numa torre de marfim construída por nós próprios. Em suma: não podemos continuar, eternamente, a ser crianças. E isso acontece quando os cônjuges tentam iludir todo o conflito. Se se habituarem a calar tudo, numa prévia conformação tácita, talvez possam gabar-se durante um certo tempo de uma paz aparente; mas pagarão no fim um preço muito alto por isso rapidamente se aborrecerão mutuamente com as suas conversas superficiais e o casal entrará num beco sem saída. Talvez se afastem de si mesmos e do seu cônjuge e até dos filhos, do trabalho ou de alguma aventura.


É preferível que haja, por vezes, uma forte discussão concreta, do que deixar abafar o amor num mar de suspeitas falsas. "Uma casa sem zangas é como uma boda sem música" diz um provérbio turco. Conheço casais felizes que tiveram conversas muito dolorosas, às vezes disputas muito fortes, enfraquecimentos e fases de insegurança. Mas depois de cada crise, os cônjuges esforçar-se-ão por dar um novo começo à sua união. Voltarão a pronunciar um "sim" mais consciente e mais livre do que na primeira vez.


(Jutta Burggraf, in O desafio do amor humano)



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